Capitulo 6

Christine acordou-se com alguém batendo na porta. Pela janela viu que a chuva aumentara. Sentou-se na cama e bateram a porta novamente.
– Já vai – falou meio atordoada.
Christine abriu a porta e Taylor estava parado com uma barra de chocolate na mão. Parecia constrangido.
Christine cruzou os braços e virou-se de costas para Taylor.
– Christine, por favor, eu só... – começou, mas foi interrompido por Christine.
– Não quero conversa com você.
– Me desculpe. – A voz de Taylor saiu sóbria e terna, uma proeza que fez Christine titubear.
Virou-se devagar para Taylor.
– Desculpe. – insistiu, a voz mais aveludada ainda.
Christine continuou encarando-o.
– Sério. Por favor. – sua voz e seus olhos eram agora suplicantes
Christine ficou em silêncio.
– Você não vai dizer nada?
– Eu preciso pensar.
Christine olhou para o chão e começou a mexer no tapete com os pés.
– Christine, eu tenho para onde ir, mas... – hesitou um pouco, brincando com a barra de chocolates que tinha nas mãos – Eu gostaria de continuar aqui, com você – olhou-a e Christine ouviu o coração tropeçar no peito – e com Ash. – completou.
Christine apertou os lábios. Os olhos titubeavam. Era inevitável para ela não lembrar do beijo – mesmo que tivesse tão pouca consciência do que aconteceu. E o pior: parte dela queria lembrar, e mais que isso, queria mais.
Taylor pôs a barra de chocolate na cômoda de Christine e foi saindo do quarto, de costas para o corredor:
– Acho que você só precisa descansar um pouco. Amanhã a gente conversa de novo. – Taylor esboçou um sorriso constrangido e fechou a porta do quarto. Christine olhou para o presente na cômoda, e depois desabou na cama, fechou os olhos e rolou na cama por toda noite.

Christine só conseguiu pegar no sono quando já amanhecia, o que resultou em um atraso fenomenal.
Chegou dois períodos atrasada e o dia todo pareceu horrível. Não conseguia tirar Taylor e o beijo da cabeça.
No almoço, Sarah, amiga da faculdade não parava de falar em como a banda do seu novo namorado era interessante e de como ele tocava bem e como ele era maravilhoso com ela, tudo isso aborrecia Christine, e a fazia lembrar mais de Taylor. Arrumou uma desculpa e foi para a biblioteca ficar sozinha.
Quando a jornada acadêmica chegou ao fim, Christine deu um jeito de ficar mais um tempo borboleteando na cidade, para não chegar tão cedo. Quando finalmente não teve jeito, Christine voltou para casa, pensando em mil coisas para dizer ao Taylor, se ele ousasse lhe dirigir a palavra.
Parou em frente à porta, e suspirou. Esse momento de meditação a fez notar que a casa estava silenciosa. Enfiou a chave com brutalidade na porta e penetrou na sala apressadamente.
Vazio. Silêncio. Organização.
Christine largou as chaves na mesinha e foi até a cozinha. Sem louças, sem cereais na mesa, geladeira devidamente fechada.
Isso fez seu coração saltar e parar ao mesmo tempo. Um misto de felicidade e contrariedade tomou conta de seu corpo e num salto Christine foi até o quarto de Ashley.
– Ashley? – falou num tom sobressaltado demais
– Oi Christine! Tudo ok? – pareceu preocupada com a expressão de Christine
Ashley arrumava uma bolsa com roupas, certamente ia para a casa do namorado.
– Onde está o Taylor? – Christine falou praticamente sem pensar
Por um momento ficou com medo da resposta. E se Taylor tivesse ido embora mesmo? Como ela deveria se sentir?
– Ah, parece que a banda dele conseguiu uma festa numa casa de campo de um pessoal da faculdade e vão passar o final de semana lá. Legal né?
Christine sentiu-se aliviada. E decepcionada por se sentira assim.
– Ah... – tentou parecer desapontada por ele não ter ido embora.
Ashley fechou a bolsa e se despediu de Christine, dizendo voltar domingo de manhã. Assim que Ashley fechou a porta, Christine sentiu-se só.
Tentou assistir algo na televisão, mas ficar na sala lembrava Taylor, e ela não queria lembrar de Taylor – agora.
Foi para o quarto e obrigou-se a deitar mais cedo. Ficou olhando pela grande porta de vidro da sacada, enquanto uma chuva chegava, forte e fria. Lembrou que a chuva podia ter estragado os planos do showzinho da bandinha de Taylor, e ele estaria irritado. Sentiu certa satisfação com isso. Pensou que ele poderia voltar para casa e amanhã ela o veria e sua bagunça na sala. Mas então pensou que ele certamente teria arrumado companhia de alguma garota sedenta e que não ficaria sozinho nessa noite fria e escura.
Imaginou Taylor nos braços de outra garota. Um sentimento de solidão a fez tremer debaixo dos cobertores e então, abatida, caiu no sono.