Capitulo 5

– Não sou assim com você, é meu jeito. Eu sou assim com todos. – respondeu, dando de ombros. – Não, não é, Christine. Eu vejo como fala com a Ashley, e como fala no telefone, e com o carinha da portaria. Você tem um problema comigo.
– Você está enganado. – a voz de Christine falhou; ele estava certo.
– Não. Você sabe que não... – Taylor disse isso tão intensamente que Christine sentiu um arrepio percorrer a espinha.
Taylor a fitava, procurando os olhos dela, e assim que os encontrou, Christine não pôde desviar: simplesmente estava paralisada.
– Quer saber?! – criou forças para responder, desviando o olhar para frente – Porque você me irrita. – olhou-o de volta – Você não faz nada, você fingi que trabalha, e você faz de tudo pra me irritar!
Taylor afastou-se abruptamente.
– O quê?! Você tá doida? – riu enquanto falava – O que eu faço para te irritar? – disse curioso
– Você bebe da garrafa; e eu pedi pra você não fazer isso! E você põe esse all star sujo no braço do meu sofá branco, e você deixa o leite que tá só com dois dedos sobrando dentro da geladeira e nem pra avisar você se mexe! E você deixa o banheiro todo molhado quando usa! E...
– Tudo isso?! – riu, interrompendo-a – E porque não me disse pra parar?! – divertia-se
– Eu disse. – Christine fitou-o com raiva.
Taylor encarou-a de volta. Christine engoliu em seco, mas manteve os olhos firmes – e irados – nos dele. De repente, os olhos de Taylor percorreram todo rosto de Christine. Taylor estreitava os olhos observando Christine como se quisesse descobrir algo. Christine o encarava. Eles fitaram-se por um momento longo. Taylor molhou os lábios, aproximando-se mais de Christine.
– Não é só isso, não é? – disse sério
Taylor já estava com o braço esquerdo em volta do pescoço de Christine, com a mão segurando sua nuca
– O quê? – ela disse fraca, como se estive hipnotizada; talvez estivesse.
– Eu sei o que é...
Taylor aproximou-se o máximo que pôde, e Christine não recuou. Olhou para Christine, de perto, admirando-a. Tocou suavemente sua bochecha com as costas da mão. Ela tentou fugir, mas, em questão de segundos, estava imobilizada, paralisada, à mercê de Taylor. Delicadamente, Taylor colou os lábios nos de Christine, e segurou-a forte para que não fugisse.
Ficou ali, com os lábios tensos sobre os de Christine, firmemente por alguns segundos até que alguma reação viesse de Christine. E por alguns segundos intermináveis ela simplesmente não conseguia se mexer. Assim que Christine despertou e empurrou Taylor, enfiou-lhe a mão na cara instantaneamente, com toda força que tinha.
Christine gritou apavorada com os olhos arregalados – Seu abusado!! Como você se atreve?!
Tay passava a mão no rosto, um pouco surpreendido, um pouco divertido.
Christine levantou-se do sofá.
– Quem você pensa que é?! – jogou duas almofadas nele
– Você me trata assim porque se sente atraída por mim, não é? – disse num jorro, apontando.
Christine abriu a boca, e Taylor levantou-se, ficando na frente para ela.
– não é isso Christine? – segurou os braços dela
Christine tinha o cenho franzido e estava realmente furiosa, desvencilho-se jogou mais uma almofada.
– Você queria, admita. – Taylor tentou brincar, mas sua dúvida era em parte real.
– Não! – berrou e virou-se, e nesse ato, Taylor teve a certeza de que ela se sentia envergonhada, e que estava se fazendo de difícil. Achou a cena toda engraçada.
Taylor a puxou e tentou beija-la novamente. Christine empurrou o corpo de Taylor com mais força ainda e olhou-o enfurecida. O rosto estava em chamas. Taylor percebeu que ela não estava levando na brincadeira. Na verdade, aquilo perdeu a graça. Envergonhou-se.
– Desculpe. – tinha a testa franzida e parecia confuso
Christine ficou em silêncio, olhando para o chão.
– Eu quero que vá embora. – disse, grave, sem olhar para Taylor
Ele arregalou os olhos e enquanto Christine caminhava para sair da sala, tentou falar.
– Vá embora! – ela disse sem olhar para ele.
Taylor observou Christine sair da sala e ouviu o barulho da porta do quarto bater. Ashley logo apareceu na porta.
– Eu disse que ela não era pro seu bico.
Taylor fez uma cara feia:
– Droga! Eu só achei que fosse melhorar as coisas...
– Você é tão infantil às vezes sabia? Por Deus, Taylor! Como você pode imaginar que um beijo ia resolver as coisas?!
– Bom, funciona... Na maioria das vezes. – riu
Ashley o encarava, incrédula e o repreendendo.
– Ah..droga! Fiz uma bobagem bem grande, não? – disse com as mãos na boca.
– Colossal. Vá lá e peça desculpa que tudo vai ficar bem.
Taylor baixou a cabeça e começou a andar em direção ao quarto.
– Não agora, cabeçudo. Espera um pouco!!

No quarto, Christine andava de um lado para o outro, querendo arrancar a cabeça de Taylor. Ouviu alguém bater na porta.
– Quem é?! – berrou para a porta
– Sou eu... – Ashley entrou – Oi... – sorriu
Christine continuou sua caminhada em círculos, com uma das mãos na boca, roendo as unhas bem feitas.
– Ahn...eu sei que você tá muito brava... – Ashely tentou começar.
– Muito! – Christine interrompeu
– e que ele não podia fazer aquilo... – tentou continuar
– Não podia!! – berrou furiosa
– mas, não foi tão sério assim Christine. – encarou-a

Christine encarou-a estreitando os olhos, sentindo o sangue ferver.
– Não foi. Ele é um pouco imaturo às vezes... – Ashley continuou
– Às vezes? Rá!
– Ah, qual é Christine! Foi um... Beijinho de nada!
– Não! Não foi isso que significou! Ele vem aqui, faz uma bagunça na minha casa, não faz nada da vida, não ajuda, não respeita o que estabelecemos... E agora, acha que me domina com um beijo?! Não é assim que as coisas funcionam pra mim, Ashley. E não vai funcionar!
– Por favor, não manda ele embora! Se acalma, dá um tempo e pensa direito nisso! Foi uma coisa estúpida da parte dele, mas ele é homem! Eles são todos uns imbecis, que não pensam! Taylor é legal, só é imaturo.
Christine ficou em silêncio olhando pela janela.
– Tenta entender. – ainda tentava convencer Christine.
Ela olhava pela sacada, uma chuva fina começando a cair na cidade. As duas permaneceram em silêncio um tempo que pareceu infindável.
– Eu não...Não sei o que pensar... – quebrou o silêncio finalmente.
Christine pareceu confusa. Ashley sentou na cama. Christine ainda mantinha os olhos no horizonte, completamente estática. Ashley estreitou os olhos.
– Christine – Ashley franziu a testa – você gostou?
Christine virou-se para Ashley e franziu o cenho.
– Gostei do quê?
– Do beijo!
Christine virou-se para Ashley.
– O quê?! Claro que não!! – balançou a cabeça como se fosse impossível.
– Sério? Por que...
– O quê é que você está tentando insinuar Ashley?
– Nada Christine! É que... Ele é um gato, e se você tentasse conversar com ele, veria como ele é divertido, e querido... Ele é um cara legal, sabe?
– Ah, tudo bem. Entendi porque você o quer aqui. – caminhou até a porta do quarto, parou e segurou a maçaneta, dando a entender que Ashley saísse dali.
– Não!! Não é isso! Eu achei que... – olhou para baixo levantando-se – Tudo bem. Você não gostou. – “E não tá entendendo...” pensou saindo do quarto.
Christine fechou a porta e deitou-se na cama. Só depois de deitar a cabeça no travesseiro tomou consciência de tudo que aconteceu. Taylor a beijara. Bom, tentara, ao menos. E, o que foi toda aquela conversa dela tratar ele diferente? E porque ela não conseguia ser normal com ele?
Christine deixou a cabeça cair para o lado, e fechou os olhos. Taylor apareceu na sua mente. E a sensação do beijo voltou. Foi tudo tão rápido, Christine quase não podia lembrar. Inesperadamente, ficou tentando reconstruir o que aconteceu, e depois de um tempo caiu em sono profundo, sonhando com Taylor.